quinta-feira, 23 de outubro de 2008

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI AO SENHOR FIRMIN MBOUTSOU NOVO EMBAIXADOR DO GABÃO JUNTO DA SANTA SÉPOR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS
Quinta-feira, 26 de Junho de 2008
Senhor Embaixador!
É-me grato receber Vossa Excelência por ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário da República do Gabão junto da Santa Sé.
Sensibilizaram-me as amáveis palavras que me dirigiu, Senhor Embaixador, assim como as saudações e os votos que me transmitiu da parte de Sua Ex. o Senhor El Hadj Omar Bongo Ondimba, Presidente da República. Agradeço-lhe a amabilidade de lhe fazer chegar em retribuição, assim como a todo o povo gabonês, os votos cordiais de bem-estar e de prosperidade que formulo pelo país, rezando a Deus para que conceda que todos vivam numa nação cada vez mais fraterna e solidária, na qual os dons que cada um recebeu de Deus possam desenvolver-se plenamente em benefício de todos.
Vossa Excelência acaba de ressaltar a importância das relações que se distinguem pela confiança recíproca que existe há quarenta anos entre o Gabão e a Santa Sé. Os vínculos foram intensificados após a recente viagem efectuada no seu país, no passado mês de Janeiro, por Sua Excelência D. Dominique Mamberti, Secretário para as Relações com os Estados. O caloroso acolhimento que lhe reservou o Presidente da República, assim como as diversas Autoridades do Estado, é uma manifestação da harmonia que distingue estas relações e do desejo de concertação e de colaboração permanentes.
A contribuição da Igreja para a história e para a construção do seu país é importante, como Vossa Excelência ressaltou. Não posso deixar de apreciar a atenção prestada à missão da Igreja junto dos vossos compatriotas. Nesta perspectiva, convém mencionar o Acordo-quadro entre o Gabão e a Santa Sé, assinado há pouco mais de dez anos. Ele é a base de uma cooperação cada vez mais ampla entre a Santa Sé e o seu País. Para a Igreja, estes desenvolvimentos diplomáticos têm como função essencial ajudar a cumprir a missão ao serviço de cada homem e de todos os homens, na sua vida quotidiana, participando assim no progresso das pessoas e da nação, e dando a cada um uma nova esperança no futuro.
Em conformidade com a sua vocação, e graças sobretudo às suas numerosas instituições, às suas Congregações religiosas e ao conjunto das comunidades locais, a Igreja contribui e deseja contribuir cada vez mais para a educação dos homens, das mulheres e das crianças, sem distinção, no respeito pelas pessoas e pela sua cultura, transmitindo a cada um os valores espirituais e morais indispensáveis para o crescimento do ser humano. De igual modo, na sua longa tradição, ela participa na educação no campo da saúde e na cura aos doentes, para o bem das pessoas. No seu país, os numerosos dispensários pertencentes a Congregações religiosas dão provas disto. É preciso realçar que, no âmbito de um acordo, o país reconhece plenamente e apoia este serviço caritativo oferecido a todas as pessoas que a ele recorrem. Tal reconhecimento legal não deixará de ter efeitos benéficos sobre a presença religiosa e sobre o dinamismo das estruturas no campo da saúde e social.
Entre os âmbitos primordiais, é igualmente necessário mencionar o que se refere ao ensino, em relação ao qual foi assinado um acordo em 2001; apesar dos seus débeis meios, a Igreja deseja profundamente poder prosseguir a sua missão nessa matéria, com o apoio de todas os órgãos competentes. É seu desejo educar todos os jovens que lhe são confiados para lhes dar uma formação integral que lhe permita ter um futuro melhor, assumir o seu destino, o da sua família e da sociedade. É também uma ocasião para participar na formação de homens e mulheres que serão, no futuro, o quadro da nação. Mediante uma atenção especial à educação integral das pessoas, uma sociedade mostra que os seus membros são a primeira riqueza nacional. Portanto, não posso deixar de desejar uma concretização dos acordos com o episcopado do seu país, relativos ao ensino a todos os níveis, sobretudo o ensino superior. A Igreja deseja manter e desenvolver um ensino de qualidade, o qual precisa do apoio confiante das Autoridades e dos diferentes serviços do Estado. Este ensino deve transmitir ao mesmo tempo conhecimentos intelectuais nos diferentes âmbitos da ciência e do pensamento, mas também formar o ser integral comunicando os valores essenciais, quer pessoais quer colectivos.
Compete também à Igreja oferecer às pessoas uma assistência humana e espiritual, ajudando-as a responder à sua busca de sentido. É neste espírito que ela deseja poder organizar melhor a pastoral das Forças Armadas, cuja missão é particularmente delicada e constitui antes de tudo um serviço à paz, à justiça e à segurança tanto no país como em toda a região. Como Vossa Excelência sabe, ao acompanhar os militares católicos e os seus familiares, a Igreja deseja ajudar a cumprir a tarefa específica apoiando-se nos valores humanos e morais do cristianismo, para que sirvam fielmente a sua pátria e construam a sua vida pessoal e familiar segundo a própria vocação cristã. De facto, compete aos pastores da Igreja seguir todo o rebanho que lhe está confiado e é oportuno que os membros das Forças Armadas possam constituir-se como particulares comunidades cristãs, sob a guia de um pastor que saberá reconhecer e respeitar a especificidade do mundo militar.
É antes de tudo um dever dos Responsáveis das Nações e de quantos, a todos os níveis, são chamados a guiar o destino dos povos e a edificar sociedades em paz. Alegro-me com a atenção dedicada pelo seu país a este campo. Através de Vossa Excelência, convido todas as Autoridades e os homens de boa vontade, sobretudo no querido continente africano, a comprometerem-se cada vez mais por um mundo pacífico, fraterno e solidário. Faço hoje apelo a uma coragem cada vez mais profética, recordando-nos de que a paz e a justiça caminham juntas, e que isto se deve concretizar mediante o respeito da legalidade em todos os campos. De facto, sem justiça, sem a luta contra todas as formas de corrupção, sem o respeito das regras do direito, é impossível construir uma paz verdadeira, e é evidente que os cidadãos sentirão então dificuldade em ter confiança nos seus dirigentes; além disso, sem o respeito pela liberdade de cada indivíduo, não pode haver paz. Em conformidade com a tradição, sob formas que lhe são próprias, a Igreja está pronta para colaborar e dar o seu apoio a todas as pessoas pelas quais a primeira preocupação é estabelecer

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