quinta-feira, 23 de outubro de 2008

gabriel garcia

De branco azedo a negro legítimo
Tornar-se racista é fácil: a própria família, os amigos, os inimigos, a Sociedade cuidam deveras bem disto, do nosso nascimento à morte. Difícil é o regresso, a pureza, a humildade, o perdão, o conhecimento necessário (de vida, Ciência e História) até cair o véu e percebermos o coletivo e cruel engano. A poder não de orações ou exorcismos, e sim de contínua observação do “mecanismo perversor” e acumuladas leituras, despertamos: a África, Mãe de Todos, logo ali, agora tão visível... Ajudam a acordar: a luta abolicionista, Castro Alves e sua arte, Cruz e Sousa (poesia e vida); massacres aqui, lá e acolá --- amplo e diminuto é o Mundo, senhores ---, o abandono das nações africanas (genocídio planejado); Nelson Mandela, as prisões/desprisões, a liberdade final e afinal --- que mais dizer?! --- Dizer, e não calar. Calar jamais! Punhos e dentes cerrados, sempre, em defesa da Africanidade universal. Ao diabo o resto! O desespero da fome, nações inteiras fenecendo, ínclitos líderes assassinados em emboscadas, atentados, ou presos incomunicáveis: prende-solta, solta-prende, prende-prende... Malvados brancos! Bombas neles (literárias que sejam, vá!)... O mais lindo vocábulo da Língua Portuguesa não é saudade, nem mãe, nem ternura: é Luanda, Luanda, Luanda. Ai Luanda minha. ...Uma mulher, em minha juventude, que amei e não assumi, mudou-me todo --- lamentavelmente anos após. Era a Beleza sem dizer: “Sou a Beleza! Desperta e vem!” Seu nome é meu mais alto segredo, que o coração carregará em silêncio máximo até o túmulo. Ó tu que abandonei e que não, abraça no vento o beijo que faltou, a presença pressentida! Amei e errei. Errei mas amei. Faz diferença agora? De que vale opor flores a dogmas? Amor, amor, degredo tênue da alma.
Jô do Recanto das Letras
Publicado no Recanto das Letras em 31/08/2008Código do texto: T1155464http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1155464

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